Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja (Título original em
inglês: Reading Scripture with the Church
Fathers de Christopher A. Hall da Editora Ultimato, 2007).
Lendo as Escrituras com os Pais da Igreja vem, de forma instrumental, teológica e acadêmica mostrar que há, entre
outros pontos, atitudes errôneas quanto ao que é ser um teólogo no tempo
hodierno:
*A mente
moderna que se distancia da tradição (culto, oração, comunidade cristã, compaixão,
serviço, humildade, temor, tremor, envolvimento com o Espírito Santo),
*A nova
teologia (que não traz nada de novo para o mundo emergente),
*O
desrespeito pelas raízes (comunidade cristã da antiguidade, juntamente com suas
inquirições e reflexões),
*A certeza
de que é impossível a construção de uma ponte que ligue a genuína tradição (os
pais) à contemporaneidade.
No capitulo
3 (Quem são os Pais?) o autor mostra
o outro lado importante da vida da igreja primitiva: “as mães da igreja”, como
atuaram, a importância e a mente delas, o método inquiridor, a devoção, as
riquezas (que eram investidas em mosteiros e em benefício da comunidade
cristã), a perspicácia acerca das escrituras, a erudição, o ascetismo, a
renúncia, a disciplina, o brio...
Os capítulos
4 (Os Quatro Doutores do Oriente) e 5
(Os Quatro Doutores do Ocidente) fazem
uma exposição referente às características físicas dos exegetas, também
demonstra as respostas sólidas aos falsos argumentos, entre eles o do
presbítero Ário quanto à encarnação do Filho de Deus, argumentos tidos como uma
teologia amadora e sem saúde espiritual. Nessa parte do livro vemos a expressão
de deslumbrantes pensamentos, cartas, discursos e poemas, que contêm alusões à Escritura.
Aqui vemos homens introvertidos, solitários, contemplativos, poetas, ortodoxos,
clássicos, retóricos, argutos hermeneuticamente, perpétuos estudantes,
influenciados por mulheres que se tornaram marco, guia e influência; pastores,
bispos, teólogos, de forte liderança eclesiástica; homens que criam que a Escritura
vem do Espírito Santo, reverentes a mensagem. Christopher Hall apresenta, nos capítulos referidos, personagens
que faziam leitura contínua da Escritura, que tinham ansiedade de determinar o
sentido literal, ou ainda mergulhados na alegoria apresentavam uma exegese
inteligível e acessível; deixaram um legado literário bem extenso; passaram por
sofrimentos que geraram em suas vidas dores e mágoas, mostrando aos demais
contemporâneos as valiosas lições que podem ser aprendidas com o sofrimento e a
importância de identificar-se com os que sofrem. Vejamos: “Pois nada há que una o amor tão firmemente como partilhar tanto a
alegria como a dor uns dos outros. Porque você está longe das dificuldades, não
fique também indiferente, sem simpatizar...” e, “... tenhamos uma alma pronta a simpatizar e um coração que saiba como
sentir com outros em suas aflições...” (P.113).
Diante do
supracitado (e de outras passagens do livro que não foram citadas), concluímos
que:
*As nossas
exegeses, teologias, academias e análises sem nutrientes, à parte da fé, pode
distanciar-nos da vida da comunidade cristã,
*Carecemos
das possessões (marcas) espirituais do começo do cristianismo,
* Devemos
aderir ao exame das Escrituras,
*Precisamos
manter o ritmo ativo e contínuo das orações,
*É
necessário ter a noção de que o ensinamento de Deus é passado de pais para
filhos e os princípios cristãos são transmitidos de geração em geração.
*Que o
crescimento, a preservação e o aperfeiçoamento da identidade cristã, juntamente
com a reverência, sacrifício e a meditação que cercaram os pais da igreja traz-nos
muitos ensinamentos. E,
*Podemos
viver uma teologia experimental que é a vivência (proximidade) com o
tradicionalismo apostólico (onde tudo começa).
Por fim, o
livro nos mostra que a nossa teologia de cada dia, segundo Gregório de Nazianzo (329-390), deve ser: “... Um tipo de adoração,
um empenho santo, algo que floresce no contexto da oração, devoção e
adoração...” (P.83).
Por Fernando José.
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