quinta-feira, 27 de novembro de 2014

LIÇÃO 9: O PRENÚNCIO DO TEMPO DO FIM (Auxílio - Jovens e Adultos: CPAD, 4º Trimestre de 2014 - por Fernando José)




Pois se tudo o que acontece no mundo é por acaso, como explicar o cumprimento de todas essas profecias?
(Flavio Josefo)


A visão do carneiro e do bode do capítulo 8 de Daniel é considerada como uma confirmação dos capítulos 2 e 7. O Comentário Bíblico Moody deixa evidente que esse trecho do livro – ou melhor, a visão – veio num momento propício: “... veio quando os judeus exilados precisavam de encorajamento para crer que Deus realmente os restaurada, como tinha prometido...”. Deus fez uma promessa (tida como alívio) concernente a esse momento, em Jeremias 25.11, 12:

E toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; e estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos. Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, visitarei o rei de babilônia, e esta nação, diz o SENHOR, castigando a sua iniquidade, e a da terra dos caldeus; farei deles ruínas perpétuas.


Tomando por base algumas obras de comentários referentes ao Livro de Daniel, fiz um breve esboço do capítulo 8:
v. 2 – Daniel estava em Susã apenas em visão. Ester estava literalmente (Et 1.2)
v. 4 - "... e nenhum dos animais lhe podia resistir;" - As forças de Dario que se engrandecia e que ficaram lembradas na História.
v. 3 -  Dois chifres: Império Medo-Persa (O Peito e os Braços do capítulo 2).
vv. 5-8: Os exércitos de Alexandre e, posteriormente, seus sucessores militares.
vv. 9-14 – o poderio daquele que era considerado como magnífico e louco ao mesmo tempo : Antíoco. Com a devida interpretação nos versículos 23-26.
vv. 15-26 – Gabriel entra no cenário e transmite as interpretações.

Sobre os versos 5-8 Antônio Neves Mesquita relata:

Depois surge um bode (Alexandre), que vinha do Ocidente (v. 5). Voando, não tocava o chão, tal a velocidade com que vinha. Atirou-se contra o carneiro (Pérsia), feriu-o e quebrou-lhe um chifre. Lançou-o por terra, pisou-o debaixo das patas até o destruir. As conquistas deste bode (Alexandre) foram fulminantes e não havia exércitos que lhe pudessem resistir. Os amantes da história antiga podem confirmar a descrição de Daniel. Alexandre foi discípulo do grande filósofo Aristóteles, de quem recebeu não apenas a instrução filosófica, mas o modo de vencer os inimigos. Conta-se que ele, quando freqüentava uma escola na Grécia (era macedônio), costumava dizer que um dia se vingaria das agressões dos persas, que, sendo senhores do mundo, ainda desejavam dominar a Grécia. As célebres batalhas do passo de Dardanelos e a batalha naval de Salamina falam bem alto do tipo de guerra que os persas, de 'tão longe, iam fazer à Grécia. A grande batalha naval de Salamina deu-se quando Xerxes, o Assuero, marido de Ester, estava no governo. Tão logo Alexandre pôde convencer os gregos de que era tempo de se desforrarem dos persas, reuniu tudo que tinha, e com uma coragem indómita atirou-se pelo Oriente, nada estorvando a sua indómita coragem. Conta a história que havia numa cidade oriental uma corda trançada e que aquele que fosse capaz de desfazer os nós seria o dominador de todo o Oriente. Alexandre não perdeu tempo. Meteu a espada no "nó górdio", e cortou-o. Dali em diante nada lhe resistia. Por isso, Daniel vê este bode como que voando rumo ao Oriente, tal a pressa com que se dispunha a conquistar a velha Pérsia. Alexandre ficou imortalizado na história pela maneira como tratou o último rei dos persas, por nome Dario, tomando-lhe as mulheres e filhas, e colocando-as numa tenda com guardas para as protegerem e com ordem de matar quem quer que se aproximasse delas. Foi um guerreiro generoso que se contentava em vencer o grande Império Persa, mas respeitava as mulheres do rei vencido. Infelizmente, Alexandre se engrandeceu, como diz o profeta (v. 8), mas o chifre grande quebrou-se, saindo em seu lugar quatro chifres menores. Depois de conquistar o Império Persa, estabeleceu o seu quartel general em Babilônia, e lá, ou pelas orgias ou por outros motivos que a história ignora, morreu dez anos depois da vitória. Compunham o seu estado-maior quatro generais, que na visão são representados pelas quatro pontas pequenas. Morto o chefe, todos queriam tomar lugar, mas nenhum contava com o apoio militar para isso. Depois de muitas lutas, decidiram dividir em quatro partes o império conquistado por Alexandre - Macedônia, Trácia, Síria e Egito - cabendo cada uma a um general. Destas quatro partes, as que mais diretamente interessaram à história dos israelitas foram o Egito, que coube a Ptolomeu, e a Síria, que coube a Seleuco. Os outros dois, ou por estarem distantes ou por outros motivos, não interessaram a história. Mesmo ficando a Síria ao norte e o Egito ao sul, era natural que nenhum outro se metesse no meio. De um dos quatro chifres saiu um notável, de pequeno que era, tornou-se grande em poder (Antíoco).

Antônio Neves Mesquita ainda nos concede uma visão panorâmica sobre os Ptolomeus e os Selêucidas:

Ptolomeu I, sabendo que Seleuco tinha as suas vistas voltadas para a Palestina, adiantou-se a qualquer tentativa do seu rival sírio, e, num sábado, invadiu a Palestina, onde foi recebido sem hostilidade. Ele, por sua vez, também não cometeu qualquer brutalidade, convidando, até os judeus que desejassem, a ir para o Egito, onde teriam tudo que quisessem. Lá já moravam muitos que tinham ido nos dias de Jeremias, e atualmente estavam prósperos e bem situados. Muitos foram e lá ficaram. Ptolomeu II, o Filadelfo (285 a.C.), filho de Ptolomeu I, continuou a boa política de seu pai, e os judeus continuaram a emigrar para o sul. Foi nesta quadra que se deu a Versão conhecida como a Versão dos Setenta, cuja história, por ser longa, deixamos de mencionar. A ela nos temos referido em muitos dos nossos livros. Ptolomeu III, o Evergetes, continuou a política de seus antepassados, favorecendo em tudo os judeus, tanto os que estavam na Palestina como os que tinham ido para o Egito. O seu sucessor, Ptolomeu IV, o Filopator, foi obrigado a entrarem luta com Seleuco da Síria, e aqui começa a odisséia dos judeus. Vencendo os sírios, voltou para o Egito, e na descida parou em Jerusalém e quis entrar no templo para ver o que estava lá dentro. Os judeus em coro se levantaram contra ele, fazendo-o desistir, mas ao mesmo tempo criando uma animosidade que não existia antes.
Antíoco I e Antíoco II não molestaram os judeus nem se meteram na Palestina, mas Antíoco III era megalomaníaco e ambicioso. Invadiu a Palestina, e os judeus, que já estavam desavindos com os Ptolomeus, receberam-no como libertador, mal sabendo o que estava atrás de tudo. Para apaziguar os Ptolomeus deu a sua filha Cleópatra em casamento a Antíoco Epifânio, prometendo-lhe como dote a Palestina, Celsíria e a Fenícia, mas nada disso cumpriu. Durante o seu domínio na Palestina cometeu toda sorte de desatinos, inclusive a de entrar violentamente no templo e oferecer uma porca no altar dos sacrifícios, com o que cessaram os sacrifícios do templo, por ter sido profanado. Como nos informam os versos 9 e 10, era uma pequena ponta que cresceu até atingir os exércitos dos céus, os palestinos, ofendendo até o Príncipe do exército (Deus), dele tirando o sacrifício costumeiro por causa das transgressões (v. 12). O templo ficou fechado por duas mil e trezentas tardes e manhãs, de 171-165 a.C., nos dias de Antíoco III, o Grande, e o seu sucessor Antíoco IV, o Epifânio (ver Mat. 24:15).

Mesquita ainda traz o desfecho da história que inclui Israel e os Antíocos:

... e uma família, a dos asmonianos, se refugiou nas montanhas e desafiou o poder dos selêucidas. Dessa família nasceu o movimento apelidado de "Macabeu", em que a família asmoniana enfrentou o poder dos Antíocos ou dos Selêucidas, desde 167 até 163, quando conseguiram fazer proclamar a independência da Palestina sob um governo nacional. A dinastia de Davi foi assim restaurada, mas por pouco tempo, também porque as intrigas e invejas entre os próprios judeus fizeram com que os romanos, a este tempo já com seus exércitos nos arredores da Palestina, interviessem para apaziguar a contenda, mas com a mão de gato, para pouco depois anexarem a Palestina aos seus muitos domínios. O tempo do fim (ou último tempo da ira, v. 19) não se refere ao fim de tudo, mas ao fim das assolações dos Antíocos.
...
O templo foi depois purificado pelos Macabeus, que ressuscitaram todo o cerimonial antigo com grande pompa, o qual bem poderia ter durado muitos anos, mas as fraquezas dos homens, a sua ambição, não têm medidas, e sacrificam até os mais caros interesses nacionais e religiosos. Foi isso que aconteceu com os judeus. Livraram-se dos Antíocos...



Por Fernando José.



Textos Complementares 1
“Os escritores proféticos do Velho Testamento lidavam com o povo em forma de tese, ensinos a respeito da conduta do povo. Daniel lidava com realidades concretas do futuro, realidades que se projetariam na história de diversos povos com que o seu mesmo povo estava envolvido.” (Antônio Neves Mesquita)

Textos Complementares 2
Deus lhe tornou patentes todas essas coisas, e ele as deixou por escrito para serem admiradas pelos que lhe vissem os efeitos, para mostrar os favores que recebera dEle e para confundir os erros dos epicureus, que, em vez de adorarem a Providência, dizem que Ele não se importa com os interesses deste mundo e que a terra não é conservada nem governada por essa suprema Essência, igualmente bem-aventurada, incorruptível e onipotente, mas subsiste por si mesma. Se eles considerassem verdade o que dizem, ver-se-iam logo perecendo como um navio que, não tendo piloto, é batido pela tempestade ou como um carro sem condutor, que é arrastado pelos cavalos. Pois se tudo o que acontece no mundo é por acaso, como explicar o cumprimento de todas essas profecias? (Flavio Josefo)

Textos Complementares 3
... e de sua posteridade viria um rei que faria guerra aos judeus, aboliria todas as suas leis e toda a forma de sua república, saquearia o Templo e durante três anos proibiria que ali se oferecessem sacrifícios. Isso tudo aconteceu sob o reinado de Antíoco Epifânio. (Flavio Josefo)



Referências:
Bíblia Online, Disponível em www.bibliaonline.com.br , acessado pela última vez em 27/11/14
Lições Bíblicas CPAD - 4° Trimestre de 2014: Integridade Moral e Espiritual — O legado do livro de Daniel para a Igreja hoje.
Comentário Bíblico Moody.
JOSEFO, Flavio. História dos Hebreus - De Abraão à queda de Jerusalém. 8ª edição, CPAD - Rio de Janeiro, RJ: 2004.
MESQUITA, Antonio Neves - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).


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sábado, 15 de novembro de 2014

LIÇÃO 7: INTEGRIDADE EM TEMPOS DE CRISE (Auxílio - Jovens e Adultos: CPAD, 4º Trimestre de 2014 - por Fernando José)




Na história relatada no capítulo 6 (seis) do Livro de Daniel vemos qualidades na vida dos personagens que são salientes:

Dario, simpático e empático quanto a Daniel – vv. 2-3, 14, 16, 18-20, 23.
Daniel, fiel – vv. 4, 22. (ver v.23: “... porque crera no seu Deus”).
Presidentes e Príncipes, aversos e invejosos – vv. 4-8, 11-13, 15.

Doravante, constatamos:

O agir de Deus - v. 22.
A recompensa dos injustos e invejosos – v. 24.
Louvor diante das maravilhas operadas pelo Deus de Daniel – vv. 25-27.


É bom esclarecermos que a fidelidade de Daniel relatada no v. 4, não está relacionada à ‘fidelidade’ hodierna pregada no meio evangelical.  A nossa fidelidade está baseada em fidelidade nos dízimos e ofertas, ter poder aquisitivo, ter bens, empregados, dar mil para ganhar 100 mil e blá-blá-blá... A fidelidade do estadista está baseada em não ter nele erro e culpa e, crer no seu Deus. Crença é sinônimo de confiança, otimismo, obediência, consideração, discipulado! Se esses sinônimos não forem uma constante em nossas vidas de nada adiantarão os dízimos, os trízimos e o dízimo dos dízimos... O cuidado de Deus para com os seus e a nossa responsabilidade diante desse Deus vão além das falácias proclamadas em nossos púlpitos. As nossas contribuições não são moeda de troca. O verdadeiro crente é fiel no cotidiano e contribuinte por natureza, sem necessidade de indução, parafernálias e engano sutil.


Flavio Josefo registra a afeição de Dario em relação a Daniel:
Dario, filho de Astíages, ao qual os gregos dão outro nome, tinha sessenta e dois anos quando, com o auxílio de Ciro, seu parente, destruiu o império da Babilônia. Levou consigo para a Média o profeta Daniel e, para mostrar até que ponto o estimava, nomeou-o um dos três governadores supremos, cujo poder se estendia sobre outros trezentos e sessenta, pois o considerava um homem todo divino e só se aconselhava com ele nos assuntos mais importantes.

Assim como a inveja dos políticos da época:

Os outros ministros, como geralmente acontece na corte dos reis, não podendo tolerar que ele fosse tão preferido, sentiram tal inveja que tudo fizeram para encontrar um motivo de caluniá-lo. Mas isso lhes foi impossível, porque a virtude de Daniel era tão grande e as suas mãos tão puras que ele julgava que seriam manchadas se recebessem presentes e considerava coisa vergonhosa desejar recompensa pelo bem que se faz. Eles, porém, não se arrependeram nem desistiram. E, faltando-lhes outros meios, imaginaram um pelo qual, pensaram, poderiam destruí-lo.

E, consequentemente o castigo dos mesmos:

Os inimigos de Daniel, em vez de reconhecerem que Deus o salvara por um milagre, disseram ousadamente ao rei que aquilo acontecera porque antes se dera demasiado alimento aos leões, os quais, não tendo mais fome, não o quiseram devorar. O rei ofendeu-se com a malícia deles e ordenou que se desse grande quantidade de carne aos leões e que depois de eles estarem fartos fossem atirados à cova os acusadores de Daniel, para ver se os animais os poupariam, como diziam haverem poupado Daniel. A ordem foi imediatamente executada, e ninguém mais pôde duvidar de que Deus salvara Daniel, porque os leões devoraram os caluniadores com tanta avidez que pareciam os mais esfomeados do mundo. Minha opinião, porém, é que foi o crime desses malvados, e não a fome, o que irritou os leões contra eles, porque Deus quis que esses animais irracionais fossem ministros de sua justiça e de sua vingança.



Por Fernando José.





Textos complementares 1

Todavia o capítulo 6 é, por muitos, impugnado quanto à presença de Dario como reinante em Babilônia. Não poucos o identificam com Cambises, Astíages e outros, que sucederam a Ciro, isto porque a história não registra o seu nome. Não havia historiadores meticulosos naqueles dias como há hoje, e para nós o relato de Daniel basta, pois é um relato de Daniel basta, pois é um relato natural de uma testemunha presente e que nesse reino voltou a gozar dos favores que gozara nos dias de Nabucodonosor.
(...)
Efetivamente também sentimos certa dificuldade em entender o capitulo 6, em que Dario é a principal figura, nada se dizendo de Ciro, mas explicação dada antes talvez sirva para esclarecer o problema. Não padece dúvida que o rei principal era Ciro, ou pelo menos assim parece, porque foi ele que acabou com o regime da escravidão instaurado por Nabucodonosor. Mas, reconhecendo a dificuldade dos cronistas antigos, temos de suprir muita coisa que nos falta. Cremos que, para o presente caso, estas explicações bastam. Por amor da elucidação deste texto difícil, quanto à história de Babilônia, diremos que alguns admitem ter havido dois reinos: um persa e outro medo. A história não nos autoriza esta conclusão. A história toda, desde a derrota da Assíria, é que dois Estados se uniram para destruir o resto do antigo Império Assírio, de que Babilônia foi por muito tempo uma Parte. No capítulo 6:8, medos e persas aparecem juntos, pelo que seria uma tentativa inútil forçar a história a contar-nos de dois reinos independentes. Este período da história de Babilônia, como, aliás, toda ela, é muito obscuro. Por isso alguns comentadores admitem que Babilônia foi dividida em dois reinos, um medo e outro persa, visto como, segundo Daniel, o reino foi entregue a Dario, o Medo. Neste mesmo contexto aparecem os dois, o medo e o persa, como uma só entidade (6:8).

MESQUITA, Antonio Neves - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).



Textos complementares 2

 A Oração de Daniel. 6:10, 11. A reputação de Daniel diante do próprio Deus nos céus tornou suas orações dignas de atenção e imitação (cons. Ez. 14:14; Dn. 10:11). A sublimidade de sua corajosa fé está reconhecida por todos os que procuram se colocar dentro da situação. Ele manteve seus hábitos piedosos e suas crenças – como costumava fazer - diante de um transe absolutamente insuportável – quando soube que a escritura estava assinada. 10. Quando soube. A oração, em primeiro lugar, foi corajosa (cons. Hus at Constance, d.C. 1415). Entrou em sua casa ... e orava. Em segundo lugar, ela era verdadeiramente piedosa, sem exibição do heroísmo em público. Não houve ostentação de religião. Daniel só fez o que achou que era certo (cons. Tg, 1: 27; Mt, 6: 5 e segs.). Em terceiro lugar, foi uma oração de acordo com as Escrituras. 

Comentário Bíblico Moody



Referências:
Lições Bíblicas CPAD - 4° Trimestre de 2014: Integridade Moral e Espiritual — O legado do livro de Daniel para a Igreja hoje.
Comentário Bíblico Moody.
JOSEFO, Flavio. HISTÓRIA dos HEBREUS - De Abraão à queda de Jerusalém. 8ª edição, CPAD - Rio de Janeiro, RJ: 2004.
MESQUITA, Antonio Neves - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).



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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

LIÇÃO 6: A queda do Império Babilônico (Auxílio - Jovens e Adultos: CPAD, 4º Trimestre de 2014 - por Fernando José)




O livro de Daniel, em seu capítulo 5, trata do pecado e seu castigo, tipo “uma lição de moral”. De início há um príncipe beberrão, em liberdade e costume fora do comum para aquela época e para aqueles povos, na sensualidade, orgia e desrespeito quanto ao sagrado. Um grande banquete oferecido por alguém que não deveria estar exposto publicamente.

Flavio Josefo conta-nos um pouco sobe a sucessão real em Babilônia a partir de Nabucodonosor:

Depois da morte do rei Nabucodonosor, de que acabamos de falar, Evil-Merodaque, seu filho, sucedeu-o e não somente pôs Jeconias (que antes se chamava Joaquim), rei de Judá, em liberdade, como também deu-lhe ricos presentes, tornou-o mordomo-mor de seu palácio e dedicou a ele um afeto muito particular. E assim, tratou-o de uma maneira bem diferente da que Nabucodonosor o havia tratado, quando o amor pelo bem de seu país, como vimos, o fez entregar-se em boa fé nas mãos deste, com sua mulher, seus filhos e todos os seus bens, para que fosse levantado o cerco de Jerusalém, sendo que Nabucodonosor lhe faltou à palavra. Evil-Merodaque reinou dezoito anos. Niglizar, seu filho, sucedeu-o e reinou quarenta anos. Seu filho Labofordá, que o sucedeu, reinou somente nove meses. Belsazar, filho deste, a quem os babilônios chamam Naboandel, substituiu-o. Ciro, rei dos persas, e Dario, rei dos medos, fizeram-lhe guerra e o sitiaram na Babilônia.

Neves Mesquita nos deixa um trecho referente à situação política do episódio:

Este (Nabucodonosor) morreu em 562 a.C. Já tinham decorrido 48 anos depois da destruição de Jerusalém, e Belsazar encontrava-se no trono em 538. Por todo este tempo Daniel teve o seu dia e oportunidade de testemunhar do seu Deus. Por morte de Nabucodonozor, sucederam-no diversos reis sem o pulso do rei falecido. Talvez o mais notável tenha sido mesmo Nabonido.

O Comentário Bíblico Moody mostra o contexto do lado de fora da cidade enquanto saciavam-se no banquete:

Gobryas (babl. Gubaru), general de Ciro, está junto ao portão da Babilônia no exato momento em que o rei dava início a sua festa. Ele tinha desviado as águas do Eufrates e marchava com seus homens subindo o leito do rio a caminho da cidade que ficava em suas duas margens. Os portões do rio tinham ficado sem guardas. A Babilônia, com mantimentos estocados para vinte anos, supunha-se segura por trás dos muros maciços. Nabonidus (bab. Nabunaid), o pai de Belsazar, fora derrotado na batalha pelos exércitos de Ciro, e agora estava cercado em Borsipa, não muito longe. Não havia lugar para loucas bebedices!

O livro Estudos no livro de Daniel descreve o mesmo contexto dessa maneira:

Quando Belsazar deu o banquete, já as forças coligadas de Dario, o Medo, e Ciro, o Persa, cercavam Babilônia, mas a cidade estava garantida com as suas muralhas em redor, e por cima das muralhas, nos torreões, estavam as sentinelas, vigiando. Era, pois, de presumir que não havia perigo. Nós, porém, pensamos que havia perigo, pois o inimigo conta com elementos que nós ignoramos, e este foi o caso. A história conta que Ciro mandou os seus sapadores desviar o curso do rio Eufrates, que corria pelo centro da cidade, e entrou a pé enxuto na cidade, com as suas tropas, e parece que ainda se estava no salão das festas, comentando o fato estranho da escrita na parede, quando Belsazar e outros muitos foram mortos...

O comportamento de Belsazar quanto aos utensílios da Casa do SENHOR:

... mandou trazer os vasos de ouro e de prata, que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em Jerusalém, para que bebessem neles o rei, os seus príncipes, as suas mulheres e concubinas. Então trouxeram os vasos de ouro, que foram tirados do templo da casa de Deus, que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus príncipes, as suas mulheres e concubinas. Beberam o vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira, e de pedra.
Daniel 5:2-4.


Para Nabucodonosor tirar esses vasos do templo de Jerusalém (1:1-3) estava de acordo com os costumes de guerra. Mas retirá-los do depósito nacional para uma orgia era sacrilégio. Nabucodonosor, o grande rei, tinha verdadeiras façanhas a seu crédito, e num certo grau, Nabonidus, o pai do rei, realizara façanhas pacíficas para crédito seu. Mas o príncipe covarde só sabia realizar tolos atos de sacrilégio para ganhar fama. 
      O comportamento de Belsazar era sensual, incontrolado, selvagem e sacrílego. Também era estúpido. Os exércitos de Gobryas já se encontravam dentro da cidade. (Comentário Bíblico Moody)

Mesquita fala sobre a entrada de Daniel no cenário:

Daniel entra; olha a escrita na parede e pára, porque a sentença era mesmo de morte. Dispensa os presentes, dizendo ao rei que desse os seus prêmios a outrem, mas ele leria a escritura. Esta atitude de Daniel parece demonstrar que ele não andava em boa companhia com o rei; não estaria de acordo com a orgia que se fazia ou estaria desgostoso por não ter continuado a gozar das honras que gozava com o velho Nabucodonozor.


Por Fernando José.


Textos Complementares 1

“Somos informados pela arqueologia que as paredes do palácio eram revestidas de pintura branca, o que lhe dava grande realce face à luz dos candelabros.”

MESQUITA, Antonio Neves - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).

Textos Complementares 2

É possível que as palavras interpretadas sejam nomes de pesas ou moedas conforme indicado acima. Nesse caso, fazem um jogo de palavras. Mane (aram.), um peso de cinqüenta siclos, equivalente a cerca de duas libras (veja Ez. 45 : 12), faz paralelo a mene, que significa contado. Tequel, uma moeda ou peso, equivalente ao siclo hebreu, sugere tequel no sentido de pesado. Peres (meio mane) sugere peres, dividido.

Comentário Bíblico Moody


Textos Complementares 3
A rainha-mãe, mulher de Neriglissar, ouvindo ou sabendo da confusão (ela não estava no banquete), entrou na casa do banquete e disse ao rei: Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; nos dias de teu pai... o rei Nabucodonozor...(v. 11 ). Se o livro de Daniel fosse do segundo século a.C., nós não teríamos esta linguagem, is já não haveria rainha-mãe nem tradição alguma a respeito de Daniel. Esta é uma flagrante prova da autenticidade do livro de Daniel. Esta declaração também nos mostra que Daniel, depois da morte de Nabucodonozor, entrou em decênio, e só a rainha-mãe ainda conservava reminiscência das atividades dele. Todos os outros estavam esquecidos ou nunca teriam ouvido falar nele.
(...)
O fato de ela mencionar Nabucodonozor como pai de Belsazar não deve constituir surpresa, porquanto era costume nos tempos antigos entre os orientais chamarem os avós de pais.
MESQUITA, Antonio Neves - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).


Textos Complementares 4

Naquela mesma noite, Babilônia foi tomada e Belsazar, morto. Isso aconteceu no décimo sétimo ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia. Dario, filho de Astíages, ao qual os gregos dão outro nome, tinha sessenta e dois anos quando, com o auxílio de Ciro, seu parente, destruiu o império da Babilônia. Levou consigo para a Média o profeta Daniel e, para mostrar até que ponto o estimava, nomeou-o um dos três governadores supremos, cujo poder se estendia sobre outros trezentos e sessenta, pois o considerava um homem todo divino e só se aconselhava com ele nos assuntos mais importantes.

JOSEFO, Flavio. HISTÓRIA dos HEBREUS - De Abraão à queda de Jerusalém. 8ª edição, CPAD - Rio de Janeiro, RJ: 2004.


Referências:
Bíblia Online – www.bibliaonline.com.br
Lições Bíblicas CPAD - 4° Trimestre de 2014: Integridade Moral e Espiritual — O legado do livro de Daniel para a Igreja hoje.
Comentário Bíblico Moody.
JOSEFO, Flavio. HISTÓRIA dos HEBREUS - De Abraão à queda de Jerusalém. 8ª edição, CPAD - Rio de Janeiro, RJ: 2004.
MESQUITA, Antonio Neves - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).


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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

LIÇÃO 5: DEUS ABOMINA A SOBERBA (Auxílio - Jovens e Adultos: CPAD, 4º Trimestre de 2014 - por Fernando José)



Em Daniel 4 vemos um príncipe que na sua coorte, estava em sossego e prosperidade, pois, havia adquirido sucesso nas suas guerras e construções. Em meio a essa glória real e resplendor, surge o espanto, a turbação e a frustração consequentes de um sonho que, em primeira mão, não foi interpretado pelos magos. O espanto e a frustração dão lugar ao apelo ao Profeta Daniel que, por meio do “espírito dos deuses santos”, interpretou o sonho diante do rei. O Comentário Bíblico Moody assim deixa exposto o capítulo 4 do Livro de Daniel:

Começando com uma pequena saudação (vs. 1-3), seguida das palavras do próprio rei sobre as circunstâncias na cone (vv. 4-9), ele apresenta a narrativa de um sonho (vs. 10-18), que Daniel interpretou (vv. 19-27), e que se cumpriu nas experiências humilhantes de Nabucodonosor (vv. 28-33), seguidas de maneira feliz pela recuperação e restauração do rei (vv. 34-37).

Sobre Nabucodonosor, Flavio Josefo narrou, escrevendo de acordo com o que encontrava no Livro dos Hebreus, sem diminuir e sem aumentar:

“Era um príncipe muito inteligente e foi muito mais feliz que os seus predecessores.”

Josefo, prossegue ainda falando sobre o príncipe, citando Berose:

Nabopolassar, pai daquele de quem acabamos de falar, tendo sabido que os governadores que ele pusera no Egito, na Baixa Síria e na Fenícia se haviam revoltado contra ele e não estando mais na idade de suportar as dificuldades de uma guerra contra eles, enviou Nabucodonosor, seu filho, com uma parte de suas forças. O jovem príncipe venceu os rebeldes, recolocou todas as províncias sob a obediência do rei seu pai e, tendo sabido que naquele mesmo tempo este morrera na Babilônia, após reinar vinte e um anos, passou a dirigir os destinos do Egito e das outras províncias. Deixou aos oficiais em quem mais confiava o encargo de levar o seu exército para a Babilônia com os escravos judeus, sírios, fenícios e egípcios. Acompanhado por alguns poucos, passou pelo deserto e marchou rapidamente. Depois de chegar, governou o império que fora administrado na sua ausência pelos magos caldeus, dos quais o principal e de maior autoridade nada levara tanto a peito para conservar-lhe o trono. E assim, ele sucedeu em todo o reino ao rei seu pai. Uma das primeiras coisas que fez foi distribuir em colônias os escravos recém-chegados. Consagrou no templo de Bel, seu deus, e em outros templos os ricos despojos que havia conquistado. Não se contentou em restaurar os antigos edifícios de Babilônia: aumentou também a cidade e fortificou o canal. Para impedir que a atacassem e a pudessem tomar depois de atravessar o rio, mandou fazer outro dentro. E fora, ergueu uma tríplice muralha, muito alta, de tijolos refratários. Fortificou também todas as outras partes da cidade. Fez portas monumentais e construiu um novo palácio perto do que fora do falecido rei seu pai, do qual seria inútil referir a beleza e a magnificência. Não poderia mesmo eu dizer que esse soberbo edifício foi construído em quinze dias. E, como a rainha, sua mulher, que fora educada na Média, desejava ver alguma semelhança com o seu país, mandou fazer, para lhe ser agradável, arcos por cima desse palácio, com grandes pedras que pareciam montes. Mandou cobrir esses arcos com terra e plantou sobre eles uma tal quantidade de árvores de todas as espécies que esse jardim, suspenso no ar, passou a ser uma das maravilhas do mundo.

JOSEFO, Flavio. HISTÓRIA dos HEBREUS - De Abraão à queda de Jerusalém. 8ª edição, CPAD - Rio de Janeiro, RJ: 2004.

Vemos Mesquita descrevendo a influência do governo de Nabucodonosor:

Pela primeira vez na história um homem tinha Governado sobre tantos povos, de línguas e costumes diferentes, pois todos os antigos povos da Média e Pérsia estavam agora englobados debaixo do governo universal de um só homem. Estamos longe de imaginar a influência deste governo, sobre todos os povos, mediante a presença dos cativos de Israel.

Antonio Neves Mesquita - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).

Sobre a entrada de Daniel no cenário e a interpretação do sonho do rei, temos ainda as palavras de Mesquita:

Demonstrada a futilidade daquela ciência caldaica, entra Daniel, em quem o rei reconhecia a existência do espírito dos deuses santos... Daniel, desta vez, não pediu prazo para interpretar o sonho, estranho como era. Por quê? Já estaria habilitado por Deus para esta tarefa? É o que parece, pois Daniel não titubeou na interpretação, mas ficou perplexo quanto ao conteúdo do sonho (v. 19). Era nada mais nada menos do que a ruína e destruição temporária do rei, e isso o afligia, pois, pessoalmente, era bem tratado e muito respeitado no palácio. Admite-se que Nabucodonosor logo teria reconhecido mais ou menos que se tratava de sua pessoa, por isso que ficou tão atrapalhado.

Antonio Neves Mesquita - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).

A interpretação dos vv. 14-17, deixa Daniel atônito, pois se tratava de uma sentença pra o seu rei, que era orgulhoso e vaidoso:
Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por uma hora, e os seus pensamentos o turbavam; (Daniel 4.19).
Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo, que virá sobre o rei, meu senhor: Serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. E quanto ao que foi falado, que deixassem o tronco com as raízes da árvore, o teu reino voltará para ti, depois que tiveres conhecido que o céu reina. (Daniel 4.24-26)

Daniel teve que dizer coisas duras ao seu rei, objetivando arrependimento, pureza:

Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe fim aos teus pecados, praticando a justiça, e às tuas iniquidades, usando de misericórdia com os pobres, pois, talvez se prolongue a tua tranquilidade. Daniel 4.27

Os vv. 28-33 descrevem as "coisas vieram sobre o rei Nabucodonosor" com referência ao sonho e à sua interpretação. Vejamos a exposição de alguns comentaristas sobre o incidente:

Houve um misericordioso "prolongamento de sua tranquilidade" (v. 27)... Escritores antigos contam, e a arqueologia confirma, que Nabucodonosor, além de remodelar e ampliar os antigos edifícios da Babilônia, levantou seus próprios projetos de magníficas construções. Uma grande rua que ele reconstruiu para desfiles estendia-se diante dele, como também muitos templos e quilômetros de muros. "Agora, neste palácio, tendo construído grandiosas estruturas de pedra e tendo plantado sobre elas todos os tipos de árvores, dando-lhes um aspecto muito parecido com o de montanhas, ele elaborou e preparou os famosos Jardins Suspensos, para agradar à sua esposa, que gostava das terras montanhosas, porque fora criada na Média" (Josefos Against Apion 1,19).
...
A última experiência consciente e lúcida do rei voltou sua atenção para Deus no céu.
...
Considerando que os antigos geralmente consideravam as pessoas loucas como "possuídas" por um deus, o rei talvez fosse mantido em um parque recebendo tratamento especial. Exemplos das alterações físicas do rei existiram na antiguidade...

Comentário Bíblico Moody


Ao cabo de doze meses, passeando sobre o Palácio real de Babilônia, falou o rei, e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com o meu grandioso poder...? (w. 29 e 30). Nem acabou de falar e uma voz de cima disse que tudo terminara. Realmente, Babilônia, segundo nos informam os escritores antigos era mesmo um deslumbramento. O rio Eufrates passava pelo meio da cidade, uma espécie de Capiberibe que passa pelo centro da cidade de Recife, com jardins suspensos, onde as damas, ao cair da tarde, iam passear. Para aqueles dias era de fato uma grande Babilônia, mas o pecado do rei, como o de muitos homens, foi o de atribuir tudo ao seu poder, e nada ao poder de Deus. A lição fica para a história. A cidade era circundada por muralhas de dez metros de espessura a 15 metros de altura, de modo que não havia possibilidade de ser atacada e vencida. Não sabemos muito dos exércitos de Babilônia, mas achamos que não eram necessários, porque a cidade estava segura e o império estava em paz, e também não havia no horizonte qualquer inimigo potencial. O grande Império da Assíria tinha desaparecido e os pequenos Estados da Média e da Pérsia não estavam organizados de modo a estarem em condições de tentar tomar a cidade. Se, em lugar de se louvar, o rei tivesse dado graças ao Altíssimo, que ele já conhecia, então a sentença talvez não viesse. Naquela mesma hora foi Nabucodonosor lançado fora do palácio, pois tinha virado um bruto, e o seu lugar era entre os brutos. Comia erva como boi e os seus cabelos cresceram como as penas das águias. Suas unhas eram como as das aves.
...
A doença de Nabucodonosor, que não consta como tal nas crônicas oficiais e nem poderia constar, também não é relatada por qualquer dos poucos escritores daqueles dias, tais como Heródoto ou Berosius. Isto tem servido para alguns tentarem desacreditar a autenticidade de Daniel. Ora, estes escritores, caso o assunto tivesse chegado ao seu conhecimento, teriam outros motivos a que darem atenção, e não meramente a uma doença, que nem teria saído das crônicas do palácio.

Antonio Neves Mesquita - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).


... Os operários que trabalharam nesse projeto poderiam ser desculpados, contudo, por encararem com algum cinismo a pretensão do rei de ele ter construído acidade, e a opressão que isso envolveu certamente não ajudou a aumentar a glória de sua majestade.

Daniel - Introdução e Comentário - Joyce Baldwin (Série Cultura Bíblica)

Sobre a restauração e recuperação de Nabucodonosor (vv. 34-37):

A restauração do rei deveria encorajar os homens a esperar dias melhores, na providência divina, por mais profundo que o castigo do Senhor possa ter sido para com eles. Este capítulo mostra que os pagãos não estão isentos do governo moral de Jeová. As leis morais governam a elevação e a queda dos homens quer estejam relacionadas com Deus através da graça salvadora quer não (vaia também Amós 1:1 – 2:3).

Comentário Bíblico Moody


Concluímos esta ligeira apreciação do capítulo 4 dando louvores a Deus por ter sido tão benévolo em se fazer conhecido a um rei pagão. Ele foi o maior dos homens públicos dos seus dias e depois dele só Ciro, o Persa, se lhe pode igualar.

Antonio Neves Mesquita - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).


Por Fernando José.


Textos Complementares 1


A forma da saudação, como do restante do capítulo, indica que este é um documento governamental da Babilônia, incorporado por Daniel às Sagradas Escrituras. Isto indica que a inspiração das Escrituras é através da autoridade divina da pessoa por cuja orientação uma determinada palavra é incluída. Até as palavras de uma mula foram incluídas nas Escrituras (Nm. 22:28, 30) pela autoridade de Moisés! A saudação de Nabucodonosor deu início a este documento – que sem dúvida circulava independentemente antes de ser incluído nas Escrituras – dirigido a todo o seu reino. Não é demais esperar que alguns arqueólogos o encontrem algum dia. Talvez ele já esteja incógnito entre alguns dos milhares de documentos em tabuinhas de barro, descoberto, mas ainda não decifrado.

Comentário Bíblico Moody

Textos Complementares 2


O príncipe tornou a subir ao trono depois de haver passado sete anos no deserto e aplacado a cólera de Deus com uma grande penitência, sem que ninguém durante todo esse tempo ousasse apoderar-se do trono.

JOSEFO, Flavio. HISTÓRIA dos HEBREUS - De Abraão à queda de Jerusalém. 8ª edição, CPAD - Rio de Janeiro, RJ: 2004.


Referências:
Bíblia Online – www.bibliaonline.com.br
Lições Bíblicas CPAD - 4° Trimestre de 2014: Integridade Moral e Espiritual — O legado do livro de Daniel para a Igreja hoje.
Comentário Bíblico Moody.
JOSEFO, Flavio. HISTÓRIA dos HEBREUS - De Abraão à queda de Jerusalém. 8ª edição, CPAD - Rio de Janeiro, RJ: 2004.
MESQUITA, Antonio Neves - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).
BALDWIN, Joyce G. Daniel - Introdução e Comentário (Série Cultura Bíblica). Vida Nova –São Paulo, SP: 2008.


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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

LIÇÃO 4: A providência divina na fidelidade humana (Auxílio - Jovens e Adultos: CPAD, 4º Trimestre de 2014 - por Fernando José)




Apagaram o poder do fogo... (Hebreus 11:34)

Daniel 3 revela a fé prática dos três amigos de Daniel. Uma história que fala da firmeza merecedora de crédito, da fé que é considerada uma virtude teológica. De início o v.1 fala sobre a oposição em relação à fé dos três crentes. Uma estátua de ouro é levantada e os jovens não se prostram em adoração, ato que dá sequência à acusação.

O v.2, em algumas traduções, refere-se ao sátrapa como um oficial! O que era o sátrapa?

Sátrapa:
Era o nome dado aos governadores das províncias. Era o chefe da administração da sua província. Ele coletava imposto, controlava os representantes locais do governo e as tribos e cidades sob tutela. Ele era o juiz supremo da província, diante do qual todo caso civil e criminoso podia ser levado. Era responsável pela segurança das estradas (...) e devia controlar desordeiros e rebeldes. Recebia assistência de um conselho de Persas, para o qual também cidadãos da província eram aceitos, e era controlado por um secretário real e por emissários do rei, especialmente o "olho do rei", que fazia uma inspeção anual.


Flávio Josefo descreve assim o acontecimento da fornalha:

... e foram lançados na fornalha. Mas Deus os salvou por um efeito de seu infinito poder: o fogo, parecendo reconhecer a sua inocência, respeitava-os, em vez de consumi-los. Eles venceram as chamas, e tão grande milagre aumentou ainda mais o respeito e a estima que o rei já lhes devotava, porque os considerava pessoas de virtude extraordinária e muito particularmente queridos de Deus.


O Comentário Bíblico Moody traz a divisão do capítulo 3 de Daniel da seguinte forma:
1) a oposição à fé (v. 1; cons. v. 8);
2) a tentação da fé (vv. 2-15);
3) a demonstração da fé (vv. 16-18);
4) a salvação pela fé (vv. 19-30).

Por Fernando José.


Textos Complementares 1

Por que Daniel não foi jogado na fornalha de fogo ardente com seus amigos, afinal, não estavam juntos (Dn 3.1-30)? O reino de Babilônia era dividido em províncias. Daniel foi nomeado governador sobre todas as províncias e permaneceu na capital do império. Atendendo a um pedido seu, o rei concordou que seus companheiros assumissem cargos políticos importantes no reino e, por isso, separaram-se: “E pediu Daniel ao rei, e constituiu ele sobre os negócios da província de Babilônia a Sadraque, Mesaque e Abednego; mas Daniel permaneceu na porta do rei” (Dn 2.49). A imagem do rei Nabucodonosor foi levantada no campo de Dura, distante cerca de dez quilômetros da Babilônia. Tudo indica que Daniel não estava presente ou foi dispensado de ter de demonstrar sua lealdade ao rei devido à sua elevada posição.

Textos Complementares 2

Onde ficava Dura? Creio que não podemos afirmar com certeza onde era o Campo de Dura. Obermeyer sugere que tal localidade fica perto de Nahr Dura, um pequeno afluente do Eufrates, a uns 10 quilômetros no sul de Babilônia. Contudo a sua tese não é provada. A literatura rabínica (Tamude de Babilônia, Folio 92a) diz que a planície de Dura vai do rio Eshel até Rabbath. É interessante notar que a mesma fonte diz que foi neste lugar que Ezequiel profetizou aos “ossos secos” (Ezequiel 37).

Textos Complementares 3

A vitória da fé tinha cinco objetivos: 1) Foram soltos de suas amarras (v. 25). 2) Foram protegidos do mal (v. 27). 3) Foram confortados na provação (vs. 24, 25, 28). 4) Seu Deus foi glorificado (v. 29). 5) Como servos de Deus foram recompensados (v. 30).
Comentário Bíblico Moody.


Referências:
Bíblia Online - http://www.bibliaon.com
Lições Bíblicas CPAD - 4° Trimestre de 2014: Integridade Moral e Espiritual — O legado do livro de Daniel para a Igreja hoje.
Comentário Bíblico Moody.
JOSEFO, Flavio. HISTÓRIA dos HEBREUS - De Abraão à queda de Jerusalém. 8ª edição, CPAD - Rio de Janeiro, RJ: 2004.


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