Uma visão filosófica do TRABALHO
Para início
de conversa, deixo uma citação de Mounier:
"Todo trabalho trabalha para fazer um homem ao mesmo tempo que uma coisa".
"Todo trabalho trabalha para fazer um homem ao mesmo tempo que uma coisa".
Abaixo citaremos
alguns trechos do livro FILOSOFANDO: Introdução à Filosofia (Maria Lucia de Arruda
Aranha e Maria Helena Pires Martins) referente ao TRABALHO:
"... pelo
trabalho, o homem se autoproduz: desenvolve habilidades e imaginação; aprende a
conhecer as forças da natureza e a desafiá-las; conhece as próprias forças e
limitações; relaciona-se com os companheiros e vive os afetos de toda relação;
impõe-se uma disciplina. O homem não permanece o mesmo, pois o trabalho altera
a visão que ele tem do mundo e de si mesmo." (Capítulo 2, p. 9).
"A
concepção de trabalho sempre esteve predominantemente ligada a uma visão
negativa. Na Bíblia, Adão e Eva vivem felizes até que o pecado provoca sua
expulsão do Paraíso e a condenação ao trabalho com o "suor do seu
rosto". A Eva coube também o "trabalho" do parto. A etimologia
da palavra trabalho vem do vocábulo latino tripaliare, do substantivo
tripalium, aparelho de tortura formado por três paus, ao qual eram atados os
condenados, e que também servia para manter presos os animais difíceis de
ferrar. Daí a associação do trabalho com tortura, sofrimento, pena, labuta. Na
Antiguidade grega, todo trabalho manual é desvalorizado por ser feito por
escravos, enquanto a atividade teórica, considerada a mais digna do homem,
representa a essência fundamental de todo ser racional. Para Platão, por
exemplo, a finalidade dos homens livres é justamente a "contemplação das ideias".
(...) Também na Roma escravagista o trabalho era desvalorizado. É significativo
o fato de a palavra negocium indicar a negação do ócio: ao enfatizar o trabalho
como "ausência de lazer", distingue-se o ócio como prerrogativa dos
homens livres. Na Idade Média, Santo Tomás de Aquino procura reabilitar o
trabalho manual, dizendo que todos os trabalhos se equivalem, mas, na verdade,
a própria construção teórica de seu pensamento, calcada na visão grega, tende a
valorizar a atividade contemplativa. Muitos textos medievais consideram a ars
mechanica (arte mecânica) uma ars inferior. Tanto na Antiguidade como na Idade
Média, essa atitude resulta na impossibilidade de a ciência se desligar da
filosofia. Na Idade Moderna, a situação começa a se alterar: o crescente
interesse pelas artes mecânicas e pelo trabalho em geral justifica-se pela
ascensão dos burgueses, vindos de segmentos dos antigos servos que compravam
sua liberdade e dedicavam-se ao comércio, e que portanto tinham outra concepção
a respeito do trabalho.” (Capítulo 2, pp. 9, 10).
Sobre o consumo e o consumismo
A obra supracitada traz-nos a ideia do que vem a ser o consumo:
"O ato
do consumo é um ato humano por excelência, no qual o homem atende a suas
necessidades orgânicas (de subsistência), culturais (educação e
aperfeiçoamento) e estéticas. Quando nos referimos a necessidades, não se trata
apenas daquelas essenciais à sobrevivência, mas também das que facilitam o
crescimento humano em suas múltiplas e imprevisíveis direções e dão condições
para a transcendência. Nesse sentido, as necessidades de consumo variam
conforme a cultura e também dependem de cada indivíduo. No ato de consumo
participamos como pessoas inteiras, movidas pela sensibilidade, imaginação, inteligência
e liberdade.” (Capítulo 2, p. 15).
Sobre
o consumismo:
“O problema
da sociedade de consumo é que as necessidades são artificialmente estimuladas,
sobretudo pelos meios de comunicação de massa, levando os indivíduos a
consumirem de maneira alienada.” (Capítulo 2, p. 16).
“... na
sociedade pós-industrial a ampliação do setor de serviços desloca a ênfase da
produção para o consumo de serviços. Multiplicam-se as ofertas de possibilidade
de consumo. A única coisa a que não se tem escolha é não consumir! Os centros
de compras se transformam em "catedrais do consumo", verdadeiros
templos cujo apelo ao novo torna tudo descartável e rapidamente obsoleto.
Vendem-se coisas, serviços, ideias. Basta ver como em tempos de eleição é
"vendida" a imagem de certos políticos.” (Capítulo 2, p. 16).
“A
estimulação artificial das necessidades provoca aberrações do consumo: montamos
uma sala completa de som, sem gostar de música; compramos biblioteca "a
metro" deixando volumes "virgens" nas estantes; adquirimos quadros
famosos, sem saber apreciá-los (ou para mantê-los no cofre). A obsolescência
dos objetos, rapidamente postos “fora de moda", exerce uma tirania
invisível, obrigando as pessoas a comprarem a televisão nova, o refrigerador ou
o carro porque o design se tornou antiquado ou porque uma nova engenhoca se
mostrou "indispensável".” (Capítulo 2, p. 16).
“Como o
consumo alienado não é um meio, mas um fim em si, torna-se um poço sem fundo,
desejo nunca satisfeito, um sempre querer mais. A ânsia do consumo perde toda
relação com as necessidades reais do homem, o que faz com que as pessoas gastem
sempre mais do que têm. O próprio comércio facilita tudo isso com as
prestações, cartões de crédito, liquidações e ofertas de ocasião "dia das
mães" etc. Mas há um contraponto importante no processo de estimulação
artificial do consumo supérfluo - notado não só na propaganda, mas na
televisão, nas novelas -, que é a existência de grande parcela da população com
baixo poder aquisitivo, reduzida apenas ao desejo de consumir. O que faz com
que essa massa desprotegida não se revolte? Há mecanismos na própria sociedade
que impedem a tomada de consciência: as pessoas têm a ilusão de que vivem numa
sociedade de mobilidade social e que, pelo empenho no trabalho, pelo estudo, há
possibilidade de mudança, ou seja, “um dia eu chego lá”. E se não chegam, “é
porque não tiveram sorte ou competência”. Por outro lado, uma série de
escapismos na literatura e nas telenovelas faz com que as pessoas realizem suas
fantasias de forma imaginária, isto sem falar na esperança semanal da Loto,
Sena e demais loterias. Além disso, há sempre o recurso ao ersatz, ou seja, a
imitação barata da roupa, da joia, do bule da rica senhora. O torvelinho
produção-consumo em que está mergulhado o homem contemporâneo impede-o de ver
com clareza a própria exploração e a perda da liberdade, de tal forma se acha
reduzido na alienação...” (Capítulo 2, pp. 16, 17).
Uma visão bíblica da PROSPERIDADE
Sobre a prosperidade no Antigo
Testamento
“Guarda-te
que não te esqueças do SENHOR teu Deus, deixando de guardar os seus
mandamentos, e os seus juízos, e os seus estatutos que hoje te ordeno; Para não
suceder que, havendo tu comido e estando farto, e havendo edificado boas casas,
e habitando-as, E se tiverem aumentado os teus gados e os teus rebanhos, e se
acrescentar a prata e o ouro, e se multiplicar tudo quanto tens, Se eleve o teu
coração e te esqueças do SENHOR teu Deus, que te tirou da terra do Egito, da
casa da servidão; Que te guiou por aquele grande e terrível deserto de
serpentes ardentes, e de escorpiões, e de terra seca, em que não havia água; e
tirou água para ti da rocha pederneira; Que no deserto te sustentou com maná,
que teus pais não conheceram; para te humilhar, e para te provar, para no fim
te fazer bem; E digas no teu coração: A minha força, e a fortaleza da minha
mão, me adquiriu este poder. Antes te lembrarás do SENHOR teu Deus, que ele é o
que te dá força para adquirires riqueza; para confirmar a sua aliança, que
jurou a teus pais, como se vê neste dia.“ (Deuteronômio 8:11-18)
GUARDAR, VIGIAR...
“Guarda-te
que não te esqueças do SENHOR teu Deus...” (v.11).
Diante dos
variados bens, móveis e imóveis, dinheiro que o cristão tem ou poderá vir a
possuir/adquirir, será preciso que o mesmo arranje meios de se defender,
adquirindo proteção, se preservando, tomando conta do coração, colocando-o no
lugar onde deve estar (em Deus)! Observará de forma investigativa seu estado,
situação, verificará a sua vida com a finalidade de dirigir, ou melhor,
deixar-se ser dirigido por Deus. Fará a revista do seu cotidiano, procurando
cada parte de um todo, tendo em mente que temos a incumbência de buscar a
direção para o bom encaminhamento da nossa vida pessoal e, consequentemente,
nas relações interpessoais.
“Amarás ao
Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas
forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.” (Lucas
10:27)
CUIDADO COM A ELEVAÇÃO
“Se eleve o teu coração e te esqueças do
SENHOR teu Deus...” (v.14).
Não devemos,
diante do que o Senhor Deus nos concede, elevar nosso coração, divinizando-nos,
edificando um altar de nós mesmos! Em vez de levantarmos muros para fortalecer
nossas jactâncias e vanglórias, levantemos um para esconder/proteger a nossas
almas, firmados na Rocha: “... e a vossa vida está escondida com Cristo em
Deus.” (Colossenses 3:3).
DEUS
HUMILHA?
“para te
humilhar, e para te provar, para no fim te fazer bem;” (v.16).
Com certeza Deus
humilha, i.e., subjuga (seu povo) com sua mão forte (e com amor) não com o
intuito de afundar ou abater, mas eliminar do meio do seu povo o orgulho e a
autoexaltação. Ele humilha para exaltar... “O SENHOR é o que tira a vida e a
dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela. O SENHOR empobrece e
enriquece; abaixa e também exalta. Levanta o pobre do pó, e desde o monturo
exalta o necessitado, para fazê-lo assentar entre os príncipes, para fazê-lo
herdar o trono de glória;" (1 Samuel 2:6-8). Deus também prova... Faz passar
por um processo de aprimoramento para que o resultado desse refinamento seja a
pureza, um conteúdo sem mistura. Enfim, Ele incorpora no refinado as
coisas/bênçãos de Deus!
LEMBRANÇAS
O cristão,
depois de adquirir as muitas bênçãos divinas através do seu trabalho (indo além
da Graça Comum), recordará (sempre) que a sua FORÇA [capacidade, influência,
riquezas, propriedades] emana de Deus. Essa faculdade e habilidade que o
cristão tem “vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem
sombra de variação.” Tiago 1:17. Sua produção, suas proezas provém do Dono da
Força. Tendo isso em mente, obterá o efeito desejado, bênçãos copiosas,
fertilidade, abundância substanciosa.
Sobre a prosperidade no Novo
Testamento
De antemão, devemos ter em mente 3
considerações acerca da cosmovisão bíblica neotestamentária concernente a prosperidade:
1. A prosperidade no N.T. existe, é real, mas, não é a
base de todas as coisas, também, não exprime o fato de que o ser humano exista.
Sua existência vem do Dono do Universo, daquele que fez todas as coisas,
portanto: “Deus... fez o mundo e tudo que nele há." (Atos 17:24), e: "... pois ele mesmo
é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; E de um só sangue
fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra,” (Atos
17:25-26). Devemos então recorrer àquele que tem a prosperidade em suas mãos, e
não à prosperidade que emana delas. Vivamos na verdadeira prosperidade, a não
ser que queiramos viver na fantasia.
2. A prosperidade diferencia e não nos diferencia dos
nossos semelhantes. Não nos diferencia porque ela não deve ser motivo para
adquirirmos destaques, cargos, funções primeiros lugares, exclusividade, pois,
tudo isso, seria obtido pelo ter e não pelo ser. Diferencia-nos porque a
verdadeira prosperidade traria, anexa em si, ideias, ideais, conceitos,
realizações, influências e referências. Sendo assim, essa particularidade
existente na vida do próspero se expandiria para a vida dos demais (coletivo),
influenciando-os, acompanhando-os e resgatando-os... Em resumo, esse potencial
e diferencial que a prosperidade traz para a vida do ser humano teria como uma
das metas/objetivos principais solidariedade e provimento aos necessitados!
3. A afirmação: “Eu sou próspero” declara ou nega a nossa fé? Essa prosperidade é tudo o que somos? Existimos por
causa dela? Somos identificados por nossa vida cristã ou pelo que temos?
Que tipo de rico/próspero somos?
A. Como José: “E o SENHOR estava com José, e foi homem
próspero; e estava na casa de seu senhor egípcio. Vendo, pois, o seu senhor que
o SENHOR estava com ele, e tudo o que fazia o SENHOR prosperava em sua mão,
José achou graça em seus olhos, e servia-o; e ele o pôs sobre a sua casa, e
entregou na sua mão tudo o que tinha. E aconteceu que, desde que o pusera sobre
a sua casa e sobre tudo o que tinha, o SENHOR abençoou a casa do egípcio por
amor de José; e a bênção do SENHOR foi sobre tudo o que tinha, na casa e no
campo.” (Gênesis 39:2-5)
B. Como o Rico Insensato: “E propôs-lhe uma parábola,
dizendo: A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; E ele
arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus
frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros
maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; E direi a
minha alma: Alma tem em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come,
bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e o
que tens preparado para quem será?” (Lucas 12:16-20).
Vamos escolher? Vamos para
trás ou para frente? Seguiremos as teses bíblicas sobre a prosperidade ou
iremos após os profetas e apóstolos da prosperidade? Façamos nossa decisão!
Prosperidade e humildade
O próspero é
humilde porque sabe que saiu do pó da terra: és pó e em pó te tornarás.
(Gênesis 3:19). Somos “filhos da terra” (Lt. húmus). O próspero não se atira,
nem se arremessa sobre os demais com o intuito de ser superior! Relaciona-se
bem, traz em si moderação, não “vive se aparecendo”. Tem sinceridade, afeto,
franqueza. Respeite e será respeitado (aqueles que não o respeitam, em breve,
certamente descerão ao Governador do Egito [José] para comprar mantimentos em
sua mão na época em que mais precisarão, entende?). O próspero não é
extravagante, não é adepto de excessos.
Por Fernando
José.
Referências:
*ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. MARTINS, Maria Helena Pires. FILOSOFANDO,
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA - 2ª edição revista e atualizada (ED. MODERNA, 1993).
*Vine, W.E., Merril F. Unger e William White Jr. Dicionário Vine. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2006.
*Vine, W.E., Merril F. Unger e William White Jr. Dicionário Vine. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2006.
*Lições
Bíblicas – Lição 2: A prosperidade no Antigo Testamento, 1º trimestre/2012 (CPAD)
*Lições
Bíblicas – Lição 4: A prosperidade em o Novo Testamento, 1º trimestre/2012 (CPAD)
*O Inconformista, Disponível em: http://oinconformista10.blogspot.com.br/search/label/Prosperidade - Acessado em 17/10/2016.
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