sábado, 30 de abril de 2016

Venha receber uma oração infalível!





Vi um vídeo numa rede social em que o narrador começou dizendo que se o ouvinte, receptor da mensagem, estivesse passando por situações difíceis, ele iria ensinar, naquele momento, uma "oração infalível"!



 -Que tipo de pessoa (cristã) ensinaria uma coisa dessas e que tipo aceitaria essa proposta insana?


-Em que nível da hierarquia das orações essa "oração infalível" se encontra?


-Que parte dessa oração enquadra-se na oração modelo, na abordagem do Mestre, em Mateus 6?


-Numa oração, independente do motivo, não se deve levar em conta, em caráter primordial, a soberania/vontade de Deus?


-Podemos classificar essa oração como individualista, humanista e imediatista?




Por Fernando José. 





A publicação deste texto é livre, desde que citada a fonte e o endereço eletrônico da página do Blog O Inconformista.




sexta-feira, 1 de abril de 2016

Resenha: Eleitos, mas Livres









Eleitos, mas Livres (Título do original: Chosen but Free Editora Vida, 2005).



Em Eleitos, mas Livres, Norman Geisler traz uma visão equilibrada quanto ao exame da soberania divina em relação à vontade humana (livre-arbítrio). De início já demonstra aspectos que trazem à mente a soberania de Deus:

*Ele é “antes de todas as coisas”, principalmente antes do tempo, já que este veio com o universo,                                           

*Ele é o Criador de todas as coisas.                                               

*Ele é sustentador de todas as coisas, i.e, além de criar, ele mantém os seres vivos que vivem por Ele,

*Ele é além da criação e sobre toda criação,                                  

*Ele é conhecedor de tudo, e,

*Ele faz todas as coisas conforme o planejado.


Geisler apresenta em Eleitos, mas livres os dois lados da moeda: a soberania divina e a responsabilidade humana, e isso de forma moderada. O livro deixa, com clarividência, que Deus é responsável pelo livre-arbítrio que nos é dado, mas, não pelo que fazemos com ele. Há clareza nas linhas do livro que o homem é induzido (não forçado) a fazer o mal, pecando deliberadamente. Segundo o autor, existe diferença entre a liberdade e atos de liberdade e, os homens livres são responsáveis pelas suas escolhas.
Norman Geisler nos chama à razão quando dá a entender que “existimos antes de agir”, somos influenciados pelas ações e não controlados por elas; temos a tendência que não desculpa a ação; podemos ser até afetados, forçados, não. A nossa tendência é seguir a natureza mau, porém, com a intervenção divina muda-se a situação. Temos tendência, necessidade não! Desejamos pecar, decidimos pecar, mas, segundo Geisler, agiremos contrário ao desejo forte, pois, é possível fazer o que Deus manda. Os humanos de todas as épocas tiveram a liberdade de agir, foram livres para escolher. Nós também temos, e, através dessas escolhas, recebemos a retribuição em forma de louvor ou acusação. Transgredir, desobedecer e/ou pecar é uma questão de escolha. Geisler mostra que o ser humano não é depravado de forma total/completa, pois, a imagem de Deus em Adão foi manchada, não apagada, i.e., a imagem de Deus ainda está em nós, porém, nossas escolhas nos deixa na ignorância, que é o primeiro passo para entrarmos na depravação e, continuando nisso, permaneceremos na escravidão. Os salvos e não salvos, segundo o autor, tem livre escolha e podem crer ou não, e, crendo, escolherão, escolhendo, se responsabilizarão. Por exemplo: em resposta aos milagres de Jesus Cristo, muitos não creram Nele. O homem é responsável pelo “crer” e pelo “pecar” (pois, o responsável pelo pecado não é o autor da santidade).
Em Eleitos, mas Livres observamos que o extremismo tanto dos calvinistas como dos arminianos trabalha com balanças injustas: “... os calvinistas extremados têm sacrificado a responsabilidade humana a fim de preservar a soberania divina (...) os arminianos têm sacrificado a soberania divina a fim de sustentar o livre-arbítrio humano” (página 41). Norman Geisler vê, nas passagens bíblicas, citadas por ambas as correntes, um consenso entre a predestinação e o livre-arbítrio. Referências mostram o “trabalhar juntas” das duas vertentes: soberania divina e responsabilidade humana estão emparelhadas nas Escrituras Sagradas, em um mesmo contexto.
De uma forma moderada Geisler responde a certas perguntas: a salvação depende da fé? Qual a condição do recebedor da salvação? Qual a diferença entre escolha e eleição? A revelação divina é para todos ou somente para alguns? Judas era um eleito ou um traidor? Judas foi um escolhido, mas, segundo o autor, não foi um eleito, pois, escolha não é eleição (a eleição é com base na crença em Jesus Cristo pelo Espírito Santo). Existe relevante diferença (e é de comum acordo) entre “estar na Igreja” e “pertencer a Igreja”. Todos podem chegar ao conhecimento da verdade, pois a expiação se aplica a uns, mas, sua extensão é para todos; se aplica aos salvos, mas sua proporção é para todos.
Para Geisler “... a graça é somente irresistível ao que está desejoso dela, não ao relutante...” e, “Deus derrama a graça salvadora irresistível somente sobre os que a desejam, não nos relutantes.” (página 104).
Existe predestinação para a condenação? Geisler mostra que Deus não “... predestina certas pessoas para o inferno, à parte da própria livre-escolha delas” (página 106), pois, Deus espera vasos de ira para o arrependimento. Tendo em vista que a condição para se receber a salvação é o arrependimento, “o coração não arrependido pode resistir à vontade de Deus nesse sentido.” (página 110). A doação (de Deus) é incondicional, a recepção, condicional.
Para finalizar, Geisler deixa evidente que “a Bíblia é um livro equilibrado. Ela afirma tanto a soberania de Deus... quanto a livre-escolha do ser humano” e, “que não há contradição alguma na cooperação entre a soberania de Deus e o livre-arbítrio. Podemos estar certo de que 1) Deus está no controle e que 2) recebemos a capacidade de escolher. Somos verdadeiramente eleitos, mas livres.” (página 168).
                                                                                

Por Fernando José. 




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