sábado, 2 de janeiro de 2016

Escatologia: um tour pela definição





É mister lembrar que o estudo da escatologia não nos levará a desvendar todos os mistérios, épocas e tempos estabelecidos por Deus. Deus nos dará compreensão apenas às coisas que nos foram reveladas...



1.     INTRODUÇÃO

Falar de Escatologia é falar da economia divina em relação aos "fins dos séculos", ao mesmo tempo em que traz ânimo e esperança para o Seu povo diante da "última hora". A última hora – antes do Dia do Senhor - em que a Igreja anuncia as boas novas, até o fim, até o Dia de Deus (porta de entrada para o dia da vingança de Deus). Em Escatologia abordamos os seguintes assuntos: a Morte, o Estado intermediário, o Sono da alma, o Purgatório, a Segunda vinda, a Ressurreição, o Julgamento final.



2.     O QUE É ESCATOLOGIA?


A palavra escatologia é formada de duas palavras gregas: escato (eschatos = último, fim) e logo (lógos = palavra, discussão, instrução, ensino, assunto, tema). Portanto escatologia é o estudo do fim ou o estudo das últimas coisas, ou ainda o estudo dos últimos dias.



ESCATOLOGIA. Estudo das últimas coisas ou do futuro de modo geral.
ESCATOLOGIA COLETIVA. Eventos escatológicos envolvendo o universo como um todo ou toda a raça humana.
ESCATOLOGIA CONSISTENTE. Visão de Albert Schweitzer e outros segundo a qual as ações e os ensinamentos de Jesus eram fundamentalmente escatológicos.
ESCATOLOGIA CÓSMICA. Estudo sobre como as últimas coisas afetam conjuntamente a raça humana ou a criação.
ESCATOLOGIA DO ANTIGO TESTAMENTO. Ensinamento do Antigo Testamento sobre as últimas coisas.
 ESCATOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO. Ensinamento do Novo Testamento sobre as últimas coisas.
ESCATOLOGIA INDIVIDUAL. Estudo dos eventos futuros com respeito aos indivíduos; em particular, estudo de sua morte, estado intermediário e ressurreição.
ESCATOLOGIA REALIZADA. Visão de Charles Harold Dodd e outros segundo a qual as passagens escatológicas da Bíblia não se referem ao futuro, mas a assuntos que ocorreram e se cumpriram no período bíblico, e especialmente durante a vida e o ministério de Jesus.
Fonte: Millard J. Erickson - Dicionário Popular de Teologia (1. ed. rev. - São Paulo: Mundo Cristão, 2011).



A escatologia trata das questões do fim, ou o propósito da vida, e as finalidades do plano de Deus. A questão do futuro da raça humana, da criação, e de cada pessoa é o seu tema. A escatologia tem um lugar importante na construção de uma teleologia cristã. Vários assuntos, tais como a ressurreição, vida depois da morte, céu e inferno, e a volta de Cristo fazem parte desta área de estudo. Podemos definir a escatologia como o estudo das últimas coisas. O estudo da escatologia é dividido em duas partes. Primeiro, é o estudo da escatologia individual ou pessoal, ou seja, o destino eterno dos seres humanos e dos anjos. Isso inclui a morte, o estado intermediário, a ressurreição, o juízo final e inferno e céu. Segundo, é a escatologia geral ou cósmica, que inclui a volta de Cristo, o milênio, e a nova terra e o novo céu.
Fonte: Teologia Sistemática (Alan Myatt & Franklin Ferreira)



Escatologia, tradicionalmente, é o estudo das últimas coisas. Por conseguinte, vem lidando com questões ligadas à consumação da história, à complementação da obra de Deus no mundo. Em muitos casos, também tem sido a última coisa no estudo da teologia, o último tópico considerado, o último capítulo nos livros didáticos.
Fonte: Introdução à Teologia Sistemática (Parte Doze. As Últimas Coisas) - Millard J. Erickson



3.     O ESTUDO DA ESCATOLOGIA

Gutierres Fernandes Siqueira deixa-nos exortações quanto ao estudo da Escatologia:
 1. Não sacralize uma escola escatológica. Embora cada crente tenha o direito e até o dever de defender sua perspectiva escatológica, é necessário cuidado com o sectarismo. O excesso de dogmatismo na escatologia é perigoso justamente porque estamos a tratar sobre o futuro do mundo e, ao mesmo tempo, estamos a lidar com textos de difícil interpretação- os chamados escritos apocalípticos. É comum, especialmente no meio assembleiano dispensacionalista, insinuar que algumas bandeiras amilenistas sejam “heréticas”. Ora, as diferenças das principais escolas de escatologia protestante não devem ser tratadas como pontos essenciais da fé cristã, mas como campos onde é possível cultivar a diversidade e respeitar a diferença.
2. Cuidado com as versões populares da escatologia. O dispensacionalismo sofre em demasia com versões populares de sua teologia, especialmente propagada por pregadores de massa e livros de ficção da série Deixados Para Trás ou do mais recente filme O Apocalipse estrelado pelo ator Nicolas Cage (as pessoas esquecem que estão lidando com uma ficção e não um tratado teológico). É necessário cuidado, pois nem sempre essas versões honram os estudos mais sérios e cuidadosos de especialistas da escatologia pré-milenista.
 3. Escatologia não é “conhecimento secreto”. Escatologia não é um assunto fácil ou trivial, mas não pode ser tratado como uma espécie de gnosticismo futurista, onde apenas alguns iluminados conseguem entender o emaranhado de estratagemas. Não podemos perder a simplicidade do Credo quando diz que “Cristo voltará”.




4.     VISÕES ESCATOLÓGICAS (credos e confissões)

O CREDO NICENO
... E subiu ao céu e assentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e seu reino não terá fim. (...) e aguardo a ressurreição dos mortos e da vida do mundo vindouro.

O CREDO DE ATANÁSIO: Artigos 37-40
37. Ascendeu ao céu, sentou à direita de Deus Pai onipotente, de onde virá para julgar os vivos e os mortos.
38. Em cuja vinda, todo homem ressuscitará com seus corpos, e prestarão conta de suas obras.
39. E aqueles que houverem feito o bem irão para a vida eterna; aqueles que houverem feito o mal, para o fogo eterno.
 40. Esta é a fé Universal, a qual a não ser que um homem creia firmemente nela, não pode ser salvo.

CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER: XXXII - 3
A escatologia da CFW (consequentemente a da Igreja, que a adota como parâmetro de interpretação das Escrituras ) estabelece o princípio de “um dia” para a volta de Cristo, a ressurreição geral de eleitos e rejeitados, o juízo final, quando os servos de Deus serão “declarados justos” em Cristo Jesus e introduzidos no reino do Cordeiro como súditos privilegiados, onde viverão em gozo eterno. Neste mesmo dia, os injustos humanos e os anjos rebelados, juntamente com o líder satânico da rebeldia contra Deus e seus comandados, receberão a sentença de condenação eterna, sendo lançados na Geena para os padecimentos infindos (cf. Ap 20. 10, 12-15; Mt 25. 41,46 ).

CREDO DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS: Artigos 11-14.
11) Na Segunda Vinda pré-milenial de Cristo, em duas fases distintas. Primeira – invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação; segunda – visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1Ts 4.16. 17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5 e Jd 14).12) Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo, para receber recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo na terra (2Co 5.10).
13) No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis (Ap 20.11-15).
14) E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento para os infiéis (Mt 25.46).



TEXTO COMPLEMENTAR 1
Paulo diz a Timóteo na segunda carta que a ele escreveu que nos “últimos dias” os homens seriam sociopatas, cada vez em maior escala de sociopatia... Ora, o que Paulo chama de o homem do fim é um ser em estado de sociopatia, pois, diz ele: serão egoístas, arrogantes, avarentos, enfatuados, arrogantes, irreverentes, implacáveis, desafeiçoados, sem afeição natural, sem domínio de si mesmos, antes amigos dos prazeres e dos caprichos pessoais do que amigos de Deus e do próximo; e isto tudo enquanto se manteriam com cara de piedade e religiosos, embora negassem Deus e Seu poder [...] pelo modo como se comportariam — ou seja: possuídos de sórdida ganância, fazendo comercio da fé e da boa e simples vontade dos homens, enquanto seriam extremamente sedutores, ao ponto de fazerem cativas deles mulheres carentes, e, portanto, vivendo sob o domínio das paixões da alma em descontrole e pânico de não haver amor na vida... Ora, isto tudo Paulo diz que aconteceria dentro do grupo chamado igreja; sendo, portanto, uma advertência aos cristãos, aos discípulos; posto que Paulo tivesse certeza [dada a ele pelo Espírito Santo] que nos “últimos dias” as coisas seriam assim entre “os irmanos”... A mim parece que faltam vários sinais a se cumprirem no mundo antes da volta do Senhor! Todavia, se há um sinal que já não necessita de maiores cumprimentos é esse que revela o estado sociopata dos cristãos e do que eles convencionaram continuar a chamar “igreja” [...] — quando a recomendação de Paulo é simples: “Foge também destes!”...
Caio Fábio.
Disponível em http://www.caiofabio.net/conteudo.asp?codigo=05619 - Acessado em 28/12/2015.



TEXTO COMPLEMENTAR 2
Estamos vivendo os últimos dias. Esse período de tempo que a Bíblia chama de últimos dias, recebe ainda outras designações, tais como:
 "tempo aceitável... dia da salvação"(Is.49:8)
 "ano aceitável do Senhor"(Is.61:2a)
 "dispensação da plenitude dos tempos"(Ef.1:10)
 "dispensação da graça"(Ef.3:2)
 "dispensação do mistério"(Ef.3:9)
 "tempo da oportunidade", "tempo sobremodo oportuno", "dia da salvação"(IICo.6:2)
 "tempos oportunos" (IITm.2:6)
 "tempos devidos" (Tt.1:3)
 "hoje" (Hb.3:7,15;4:7,8)
 "fins dos séculos" (ICo.10:11)
 "última hora" (IJo.2:18).




Por Fernando José.



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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Resenha: Quem precisa de teologia?





GRENZ, Stanley J; OLSON, Roger E. Iniciação à Teologia: Um convite ao estudo acerca de Deus e de sua relação com o ser humano (Título original em inglês: Who Needs Theology?) – Tradução: Werner Fuchs; São Paulo: Editora Vida, 2006.168 pp.


Quem precisa de teologia? Aparece no cenário atual reeditado com o título Iniciação a Teologia: Um convite ao estudo acerca de Deus e de sua relação com o ser humano, trazendo esclarecimentos sobre teologia, comentando definições e trazendo aplicações para a vida diária cristã. Os autores prezam pela defesa à Teologia e apresentam contribuições visando o aprofundamento sobre a mesma, trazendo ferramentas para a formação e uma eficaz experiência nesta ciência.
Segundo GRENZ e OLSON, a Teologia como ciência não estuda Deus, mas sim, estuda o que o homem entende sobre Deus – a realidade sobre a divindade, a relação da divindade com o homem. Dessa forma a Ciência Teológica tem como objetivos: compreender os conteúdos da fé cristã, esclarecer pontos de doutrina, promover a convivência com outras visões religiosas, trazer um crescimento humano de vida e amadurecer a fé.
Considerado por muitos como um trabalho teórico, metodológico e epistemológico, o livro Iniciação à Teologia traz em seu bojo respostas para as nossas interrogações sobre a praticidade da Teologia. É uma obra organizada a fim de facilitar o entendimento do leitor quanto ao assunto.
GRENZ e OLSON esclarecem que, quanto à reflexão séria sobre as questões fundamentais da vida, todos somos teólogos, pois, para os autores, as perguntas mais profundas da humanidade levam à teologia, já que essas questões giram em torno da indagação sobre Deus e nos ingressam no âmbito da teologia, a mesma nos traz aprofundamento em
meio às questões, tais como: “Será que Deus está interessado em mim?”, “Ele me ama?”, “Como posso encontrar Deus?”, “Porque Deus permite o mal?”, “Existe realmente um Deus?”.
Para os autores, o estudante de Teologia deverá empregar esforço intelectual para que possa obter a descoberta através da crença e da vivência. Sendo assim, é imprescindível procurar entender o porquê daquilo que é a nossa crença. Fé é unidade e complexidade ao mesmo tempo, logo, fé é experimentar e praticar! Não é somente o estudo detalhado da Bíblia, é fé buscando entendimento e requer engajamento profundo, amor pelas almas, vida prática... Em síntese, é um aprendizado que traz solução e aplicação na vida diária.
GRENZ e OLSON veem a teologia como uma ciência antiga e respeitada, que tenta penetrar abaixo da superfície da vida alcançando um profundo entendimento acerca de Deus. Segundo os autores, o estudo teológico não é exclusivamente cristão, é de cunho universal. O que diferencia os dois é que o movimento cristão tem a convicção de que Cristo é a resposta – ele é a revelação de Deus. A teologia observa o entendimento acerca da crença da cristandade. E, diante da diversidade das afirmações no ambiente pluralista em que vivemos, a teologia proporciona ajuda aos cristãos, alicerçando vidas conforme a Bíblia.
Diante das novas doutrinas que surgem, GRENZ e OLSON afirmam que o cristão só poderá descobrir e fazer a rejeição dos falsos ensinamentos achegando–se à teologia, juntando ortodoxia e amadurecimento seja associando, desenvolvendo ou formulando ideias, tendo em mente que a teologia é o sustento da vida cristã. Agindo assim, o cristão em seu estudo teológico, tomará atitudes corretas que o levará a lançar fora crenças incorretas, caminhando para um fortalecimento na fé, que requer orientação, crítica, testes e reflexão.


Para os autores, a teologia torna os cristãos mais firmes e mais seguros no que creem, e, em meio à rejeição da ciência teológica, o leitor poderá alcançar benefícios nos diversos níveis da teologia.



 Por Fernando José.





A publicação deste texto é livre, desde que citada a fonte e o endereço eletrônico da página do Blog O Inconformista.