quarta-feira, 5 de novembro de 2014

LIÇÃO 6: A queda do Império Babilônico (Auxílio - Jovens e Adultos: CPAD, 4º Trimestre de 2014 - por Fernando José)




O livro de Daniel, em seu capítulo 5, trata do pecado e seu castigo, tipo “uma lição de moral”. De início há um príncipe beberrão, em liberdade e costume fora do comum para aquela época e para aqueles povos, na sensualidade, orgia e desrespeito quanto ao sagrado. Um grande banquete oferecido por alguém que não deveria estar exposto publicamente.

Flavio Josefo conta-nos um pouco sobe a sucessão real em Babilônia a partir de Nabucodonosor:

Depois da morte do rei Nabucodonosor, de que acabamos de falar, Evil-Merodaque, seu filho, sucedeu-o e não somente pôs Jeconias (que antes se chamava Joaquim), rei de Judá, em liberdade, como também deu-lhe ricos presentes, tornou-o mordomo-mor de seu palácio e dedicou a ele um afeto muito particular. E assim, tratou-o de uma maneira bem diferente da que Nabucodonosor o havia tratado, quando o amor pelo bem de seu país, como vimos, o fez entregar-se em boa fé nas mãos deste, com sua mulher, seus filhos e todos os seus bens, para que fosse levantado o cerco de Jerusalém, sendo que Nabucodonosor lhe faltou à palavra. Evil-Merodaque reinou dezoito anos. Niglizar, seu filho, sucedeu-o e reinou quarenta anos. Seu filho Labofordá, que o sucedeu, reinou somente nove meses. Belsazar, filho deste, a quem os babilônios chamam Naboandel, substituiu-o. Ciro, rei dos persas, e Dario, rei dos medos, fizeram-lhe guerra e o sitiaram na Babilônia.

Neves Mesquita nos deixa um trecho referente à situação política do episódio:

Este (Nabucodonosor) morreu em 562 a.C. Já tinham decorrido 48 anos depois da destruição de Jerusalém, e Belsazar encontrava-se no trono em 538. Por todo este tempo Daniel teve o seu dia e oportunidade de testemunhar do seu Deus. Por morte de Nabucodonozor, sucederam-no diversos reis sem o pulso do rei falecido. Talvez o mais notável tenha sido mesmo Nabonido.

O Comentário Bíblico Moody mostra o contexto do lado de fora da cidade enquanto saciavam-se no banquete:

Gobryas (babl. Gubaru), general de Ciro, está junto ao portão da Babilônia no exato momento em que o rei dava início a sua festa. Ele tinha desviado as águas do Eufrates e marchava com seus homens subindo o leito do rio a caminho da cidade que ficava em suas duas margens. Os portões do rio tinham ficado sem guardas. A Babilônia, com mantimentos estocados para vinte anos, supunha-se segura por trás dos muros maciços. Nabonidus (bab. Nabunaid), o pai de Belsazar, fora derrotado na batalha pelos exércitos de Ciro, e agora estava cercado em Borsipa, não muito longe. Não havia lugar para loucas bebedices!

O livro Estudos no livro de Daniel descreve o mesmo contexto dessa maneira:

Quando Belsazar deu o banquete, já as forças coligadas de Dario, o Medo, e Ciro, o Persa, cercavam Babilônia, mas a cidade estava garantida com as suas muralhas em redor, e por cima das muralhas, nos torreões, estavam as sentinelas, vigiando. Era, pois, de presumir que não havia perigo. Nós, porém, pensamos que havia perigo, pois o inimigo conta com elementos que nós ignoramos, e este foi o caso. A história conta que Ciro mandou os seus sapadores desviar o curso do rio Eufrates, que corria pelo centro da cidade, e entrou a pé enxuto na cidade, com as suas tropas, e parece que ainda se estava no salão das festas, comentando o fato estranho da escrita na parede, quando Belsazar e outros muitos foram mortos...

O comportamento de Belsazar quanto aos utensílios da Casa do SENHOR:

... mandou trazer os vasos de ouro e de prata, que Nabucodonosor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em Jerusalém, para que bebessem neles o rei, os seus príncipes, as suas mulheres e concubinas. Então trouxeram os vasos de ouro, que foram tirados do templo da casa de Deus, que estava em Jerusalém, e beberam neles o rei, os seus príncipes, as suas mulheres e concubinas. Beberam o vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira, e de pedra.
Daniel 5:2-4.


Para Nabucodonosor tirar esses vasos do templo de Jerusalém (1:1-3) estava de acordo com os costumes de guerra. Mas retirá-los do depósito nacional para uma orgia era sacrilégio. Nabucodonosor, o grande rei, tinha verdadeiras façanhas a seu crédito, e num certo grau, Nabonidus, o pai do rei, realizara façanhas pacíficas para crédito seu. Mas o príncipe covarde só sabia realizar tolos atos de sacrilégio para ganhar fama. 
      O comportamento de Belsazar era sensual, incontrolado, selvagem e sacrílego. Também era estúpido. Os exércitos de Gobryas já se encontravam dentro da cidade. (Comentário Bíblico Moody)

Mesquita fala sobre a entrada de Daniel no cenário:

Daniel entra; olha a escrita na parede e pára, porque a sentença era mesmo de morte. Dispensa os presentes, dizendo ao rei que desse os seus prêmios a outrem, mas ele leria a escritura. Esta atitude de Daniel parece demonstrar que ele não andava em boa companhia com o rei; não estaria de acordo com a orgia que se fazia ou estaria desgostoso por não ter continuado a gozar das honras que gozava com o velho Nabucodonozor.


Por Fernando José.


Textos Complementares 1

“Somos informados pela arqueologia que as paredes do palácio eram revestidas de pintura branca, o que lhe dava grande realce face à luz dos candelabros.”

MESQUITA, Antonio Neves - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).

Textos Complementares 2

É possível que as palavras interpretadas sejam nomes de pesas ou moedas conforme indicado acima. Nesse caso, fazem um jogo de palavras. Mane (aram.), um peso de cinqüenta siclos, equivalente a cerca de duas libras (veja Ez. 45 : 12), faz paralelo a mene, que significa contado. Tequel, uma moeda ou peso, equivalente ao siclo hebreu, sugere tequel no sentido de pesado. Peres (meio mane) sugere peres, dividido.

Comentário Bíblico Moody


Textos Complementares 3
A rainha-mãe, mulher de Neriglissar, ouvindo ou sabendo da confusão (ela não estava no banquete), entrou na casa do banquete e disse ao rei: Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; nos dias de teu pai... o rei Nabucodonozor...(v. 11 ). Se o livro de Daniel fosse do segundo século a.C., nós não teríamos esta linguagem, is já não haveria rainha-mãe nem tradição alguma a respeito de Daniel. Esta é uma flagrante prova da autenticidade do livro de Daniel. Esta declaração também nos mostra que Daniel, depois da morte de Nabucodonozor, entrou em decênio, e só a rainha-mãe ainda conservava reminiscência das atividades dele. Todos os outros estavam esquecidos ou nunca teriam ouvido falar nele.
(...)
O fato de ela mencionar Nabucodonozor como pai de Belsazar não deve constituir surpresa, porquanto era costume nos tempos antigos entre os orientais chamarem os avós de pais.
MESQUITA, Antonio Neves - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).


Textos Complementares 4

Naquela mesma noite, Babilônia foi tomada e Belsazar, morto. Isso aconteceu no décimo sétimo ano do reinado de Ciro, rei da Pérsia. Dario, filho de Astíages, ao qual os gregos dão outro nome, tinha sessenta e dois anos quando, com o auxílio de Ciro, seu parente, destruiu o império da Babilônia. Levou consigo para a Média o profeta Daniel e, para mostrar até que ponto o estimava, nomeou-o um dos três governadores supremos, cujo poder se estendia sobre outros trezentos e sessenta, pois o considerava um homem todo divino e só se aconselhava com ele nos assuntos mais importantes.

JOSEFO, Flavio. HISTÓRIA dos HEBREUS - De Abraão à queda de Jerusalém. 8ª edição, CPAD - Rio de Janeiro, RJ: 2004.


Referências:
Bíblia Online – www.bibliaonline.com.br
Lições Bíblicas CPAD - 4° Trimestre de 2014: Integridade Moral e Espiritual — O legado do livro de Daniel para a Igreja hoje.
Comentário Bíblico Moody.
JOSEFO, Flavio. HISTÓRIA dos HEBREUS - De Abraão à queda de Jerusalém. 8ª edição, CPAD - Rio de Janeiro, RJ: 2004.
MESQUITA, Antonio Neves - Estudos no livro de Daniel (Rio de Janeiro, novembro de 1975).


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